sábado, 19 de setembro de 2009

AUTISMO - E DE QUEM É A CULPA



E DE QUEM É A CULPA?



Você sabe ou passa a ter certeza de que seu filho é especial.Podem ter lhe dado um título como Down, autista, lesado cerebral, excepcional... tem muitos títulos e cada dia inventam mais, porém o resultado é o mesmo.Escolhemos o termo especial pois além de mais genérico soa melhor.

Invarialvelmente vêm os questionamentos: Porque?Pode ter sido aquele susto , o nervoso durante a gravidez, talvez eu tenha algum problema que eu não saiba ( e nem os médicos) ou talvez meu marido ( ou minha esposa)...Será que ele (a) me escondeu alguma coisa? Eu devia ter feito isto ou não devia ter feito aquilo...E por aí a fora!

Quando se trata de procurar culpados a mente humana é brilhante! Pessoalmente conheço pessoas tão comprometidas com esta idéia de culpa que seriam capazes de morrer queimadas dentro de uma casa enquanto decidem de quem foi a culpa do incêndio.

Também sei de casos de mães que tiveram filhos em condições absurdas, embaixo de ponte, dentro de ônibus, em meio a guerras, mães com Aids, mães e/ou pais drogados, mãe estupradas, mães que tomaram mil porcarias para abortar e não abortaram e outras tantas terríveis situações e a criança nasceu normal. Soube de casos de crianças jogadas em saco plástico no lixo permanecendo horas no frio, na sujeira e ficaram normais.Crianças presas entre escombros, recém nascidas ou ainda na barriga da mãe em terremotos, desabamentos e ficaram normais.

Vale lembrar que entre milhões de espermas, apenas um fecundou, o down, o autista ou como queira chamar já venceu pelo menos uma grande prova e entre milhões. Nem o mais famoso vestibular é tão concorrido.

Mas, então porque?Porque eu?Porque meu filho?O que eu fiz para merecer isto?Será algum castigo?Vidas passadas?

Em primeiro lugar, pare com este paradigma de culpa/castigo.Isto lhe serviu na infância, mas não lhe serve mais.

Em segundo lugar, cresça.Este dualismo conceitual de bom/mal, feio/bonito, culpa/castigo, normal/defeituoso só serve para mentes pequenas com baixo ângulo do visão.Abra sua mente.Você mesmo pode achar um ator bonito de rosto mas o corpo de outro melhor.Uma pessoa mais inteligente e a outra mais bonita.Alguém bom numa área e péssimo em outra e mediano em um terceira área.Nem totalmente bom nem totalmente mau..

Com o passar dos anos, evoluímos em muitas coisas, mas certos conceitos ficam impregnados, embaralhando nosso julgamento.Ninguém quer fazer apologia a deficiência, mas chegou a hora de reavaliar com clareza a situação.

Porque têm de haver culpa se não há crime?

Há muitos "normais" por aí que invadem cinemas, matam, sequestram, destroem vidas e são considerados normais!

O conceito de normalidade precisa ser revisto.Todos desejamos o melhor para nossos filhos, mas o que é o melhor para um nem sempre é o melhor para o outro.Ninguém pergunta porque seu filho é normal, porque seu filho é bom.Ninguém se pergunta porque é saudável, porque não nasceu deficiente. Nossa mente está programada para receber o bom o belo sem questionar, como crianças mimadas e no luxo.Um belo dia recebemos uma missão e aí começam os questionamentos, as culpas.Somos os primeiros com esta conduta a discriminar nossos filhos.CHEGA!

Somos pais especiais e não temos tempo e nem condições de ficar com sentimentos inúteis como culpa, raiva e auto comiseração.Livre de pesos desnecessários, estamos em condições de lutar e fazer o melhor que pudermos.

Não importam os méritos dos porquês, importam os fatos.

Olhe nos olhos de seu filho, aceite-o de coração limpo, veja o que de melhor você pode fazer por ele.Há muito que fazer e não perca tempo em coisas mesquinhas. Leia, pesquise, lute, nunca se permita esmorecer.

Uma frase de Pedro Bloch: " enfrentaremos a situação com a ciência, consciência, paciência e muito amor"

Lucy Santos

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